Conversar com o paciente. Você sabe até onde pode ir?

Conversar com o paciente. Você sabe até onde pode ir?

Conversar com um paciente antes do atendimento ajuda a descontrair o ambiente e a criar uma aproximação necessária para estabelecer vínculo de confiança com o dentista. Mas, para isso, é necessário que a conversa seja agradável, deixe o paciente confortável e não lhe desperte sentimentos antagônicos.

Por isso, a melhor forma de se aproximar de um paciente é abordando assuntos de seu interesse e deixando de lado assuntos polêmicos. Temas como política, religião, aborto, pena de morte e outros assuntos sensíveis podem gerar antipatia e desconfiança, tornando o tratamento mais difícil.

Qualquer assunto que implique em uma divisão de “lados” (aqueles a favor x aqueles contra) são um risco que merece ser evitado. O ideal é que seja uma conversa agregadora, conciliadora, sobre um tema que não seja polêmico e que não gere opiniões inflamadas.

Sim, hoje em dia é difícil encontrar um assunto “seguro”, uma vez que vivemos em uma sociedade polarizada e dividida, capaz de brigar por praticamente qualquer divergência. Então, via de regra, a melhor solução é sondar sobre os interesses do paciente para que ele mesmo te diga, de forma indireta, sobre o que gosta de conversar.

Viu um porta-retrato em sua casa com um bebê? Elogie e comece uma conversa sobre crianças. Há um animal de estimação na casa? Elogie e comece uma conversa sobre pets. Não é difícil descobrir quais são os interesses das pessoas, é algo que elas quase sempre estão dispostas a compartilhar.

Porém, existe uma situação complicada e que é cada vez mais comum: quando o paciente puxa um assunto controverso. Não é recomendado entrar em polêmicas e muito menos discutir com ele. Você está ali como profissional da odontologia, suas opiniões pessoais devem ser guardadas para sua família e seus amigos.

Então, o que fazer se o paciente trouxer à tona um assunto polêmico e te pedir um posicionamento? Sempre existe a possibilidade de não opinar, como elegância, sem se recusar a fazê-lo. Você pode dizer algo como “Confesso que ando um pouco desinformado sobre esse fato/tema/assunto, você poderia me explicar melhor?”. Pronto, o que seria um diálogo com grandes chances de problemas, vira um monólogo e o paciente ficará muito feliz em ser ouvido.

Mas, pode acontecer algo ainda pior: e se o paciente expressar uma “opinião” criminosa? E se ele for racista ou tiver qualquer outro posicionamento que é previsto na lei como crime? É muito difícil sair desta situação sem discutir, antagonizar ou até apontar o absurdo do que está sendo dito.

Fica a seu critério atender ou não alguém que faça isso, mas, se decidir atender, não discuta e não brigue. Se aquilo te repulsa a ponto de não conseguir se conter, melhor não realizar o atendimento do que ficar e brigar com o paciente.

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